Cabeça cheia, sinal fraco, pneu vazio

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🧘‍♀️ Entrando no modo zen (Quem?)

Baita dia.
Tinha que esperar acabar o treino de vôlei das crianças. Uns 15 minutos de brecha, longe dos afazeres e parada entre um muro de pedra e uma rua movimentada.
Como estava muito frio, fiquei dentro do carro, aproveitando o calor do sol – uma delícia.

Momento de respirar melhor, desacelerar, organizar o pensamento e colocar a mente em um lugar mais calmo.
Esse lugar não estava disponível no meu entorno. O que tinha, aqui nesse caso, era a internet da operadora do celular.

Eu detesto meditação, dessas de estilo oriental, versão estereotipada do budismo, tipo limpar os pensamentos até a mente entrar num vazio que, supostamente, traria paz.
Nem quero essa paz. Acho.

Meditação, para mim, é a prática do modo ocidental: quando a gente busca voltar aos fenômenos mesmos, ou seja, aos acontecimentos da maneira como nós os presenciamos na primeira vez, e não como eles estão armazenados na memória.
É como a tentativa de resgatar nossas experiências originárias e descobrir o que formou nosso pensamento.

Bom, pouco importa o que eu penso das meditações, mas registrei aqui porque tive a ideia estapafúrdia de fazer uma meditação guiada, dessas estereotipadas mesmo, que acabei de repudiar fazendo uma careta bem feia.
Não tenho nenhuma explicação para essa decisão. Talvez sol demais na cabeça, talvez cansaço com alguma expectativa de milagre da reviravolta, talvez um pouquinho de masoquismo. Talvez só deslumbramento não fundamentado em nada.

Abri o YouTube, digitei “meditação guiada em 3 minutos” (porque, confesso, não tenho paciência, nem vontade), cliquei na primeira opção com thumbnail de moça sorrindo numa floresta, que claramente não deixava espaço para dúvidas ou confusão mental, nem existencial, estrutural ou gramatical. Um esplendor de imagem!

Fone no ouvido. Postura ereta. Respiração consciente.
Uhhh! Vou entrar no clima! Eu desfruto desses momentos…

A voz da moça começou suave:

Na segunda respiração:
📲 Alarme com notificação: ‘Buscar meninos no vôlei.’
Expirei. Pela boca. Com palavrão.