O Que É Realmente Nosso

🥃 Dose Plena - Carta 021 | Controlável X Incontrolável

Bom dia, já com luz epictetônica nos olhos!🔆

Vamos de estoicismo?

Há uma arte rara e difícil que deveria vir no manual de instruções da vida:
distinguir o que está nas nossas mãos do que nunca esteve.

Parece óbvio, mas basta um domingo de mau tempo (ou um voo cancelado) para perceber que somos especialistas em gastar energia contra aquilo que não se move por grito nenhum.

Você já deve ter visto no aeroporto alguém berrar com o funcionário da companhia aérea porque o voo atrasou por causa de uma tempestade.
Aquela cena — a pessoa furiosa, gesticulando como se pudesse, na força do grito, convencer o funcionário a mover as nuvens mais rápido…

Pois é. Todo mundo já foi essa pessoa pelo menos uma vez na vida. Talvez não no aeroporto, mas naquele momento em que decidimos declarar guerra contra algo que estava completamente fora do nosso controle.

Foi observando essas pequenas tragédias cotidianas que Epicteto — filósofo estoico que viveu entre os anos 50 e 138 d.C. — desenvolveu uma das reflexões mais revolucionárias (e libertadoras) da história: a arte de distinguir o que controlamos do que não controlamos.

A simplicidade do enunciado contrasta com a dificuldade da prática.
Confundimos fatos com tragédias, e condições da existência com injustiças pessoais.
Por exemplo: a morte. Todo mundo que vive morrerá um dia. Isso não é mal e nem bem. Seria um mal (ou bem) se fosse uma escolha. Escolher morrer, quando se pudesse escolher viver — aí sim poderíamos considerar mal ou bem. Mas o fato de que vamos todos morrer não é escolha, é condição imposta da existência.
Faz parte do oceano onde navegamos. Uma onda violenta vem. O mal nasce não da onda que vem, mas da forma como a gente reage a ela.

📌 LEMBRETE DOSEPLÊNICO:
Antes que você pense "ah, mais uma reflexãozinha de autoajuda", deixa eu te contar: Epicteto era ex-escravo. Ele sabia muito bem o que era viver sem ter controle de coisa alguma, além de si mesmo. Então quando ele fala sobre escolhas, não é teoria — é sobrevivência.

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🎯 A Principal Tarefa da Vida (Segundo Epicteto)

Epicteto conhecia as dores humanas como poucos.
Para ele, a principal tarefa na vida é simplesmente esta: conseguir dizer claramente para si mesmo quais coisas são externas (fora do meu controle) e quais têm a ver com as escolhas que realmente faço.

Em outras palavras: identificar e separar as questões.

  • o que está sob meu controle — minhas escolhas e minhas ações;

  • o que não está sob meu controle — a morte, o clima, o passado.

Parece óbvio quando colocado assim, né? Mas pensa um pouquinho: quanto do seu tempo e energia mental você gasta tentando controlar coisas que estão completamente fora do seu alcance?

O trânsito. A herança genética. A velocidade da internet. O humor do chefe. As escolhas e as opiniões dos outros. A economia mundial.

A lista é infinita — e hilariamente inútil.

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